JORNAL DA LAGOA – Bacia da Lagoa da Conceição – 2a. quinzena de setembro de 2009
Internacional
Estrangeiros da Lagoa, parte 1
Reportagem especial mostra como vivem na Lagoa
A professora Celisa Canto dá aulas de português como língua estrangeira desde os 15 anos e, em 2010, vai completar 40 anos de carreira. Estudou música clássica, foi aluna premiada e ajudava seus professores estrangeiros traduzindo aulas de música para outros alunos. Por sugestão de dois de seus mestres, começou a lhes dar aulas de português e, em troca, recebia aulas extras de música.
Em sua família, todos gostam de viajar e, ela mesma, morou no exterior 3 vezes e sua última estada por lá foram 5 anos na Dinamarca. Em Florianópolis, está há 10 anos. A amizade, que é parte importante de sua relação com seus alunos, pois cria laços de confiança, transforma seus alunos em parte de sua família. “Minha vida pessoal e a profissional não se separam, trabalho por amor, por paixão, e isso facilita o aprendizado de meus pupilos”, diz Celisa Canto.
Frédéric Besnard mora no Porto da Lagoa há três meses, mas está há cinco anos no Brasil e já morou também no Campeche e na Lagoa. O governo francês o indicou como diretor da Aliança Francesa. O seu contrato de 4 anos já acabou, mas ele decidiu ficar no Brasil. Conseguiu seu visto de permanência no programa de anistia para estrangeiros, em junho deste ano.
O francês diz adorar a Ilha de Florianópolis e o Brasil. Ele é casado com uma americana, o filho mais velho nasceu no México e a filha caçula na Inglaterra. Já morou em vários países da Europa, mas foi aqui que encontrou o lugar perfeito para ficar. “Aqui foi o momento de parar. A natureza daqui é perfeita”, diz Frédéric.
A cultura brasileira deve ser revitalizada, fortalecida, com boi de mamão e seu folclore centenário. Na Suíça, tudo é muito planejado, é difícil ser criativo.
Zachary Nathan, Havaí, EUA, 41 anos
Zachary diz que gosta de dançar e de samba. Mora há dois anos no Brasil, depois de ter passado pela Argentina. “Aqui tive que recomeçar minha vida, tudo do zero, e não foi fácil.” Tudo é difícil, pela cultura, trabalho, mas a língua é o começo da sociabilização, recorda. Zachary mora no Canto dos Araçás.
Zachari diz não sentir saudades de sua terra natal, mas quando tem, mata-a pela internet. Lembra que brasileiro adora fila, nos EUA tudo funciona mais rápido, mais sossegado e tranquilo. Aqui no Brasil, onde se vai, se faz amigos. Quando chegou aqui era muito acanhado, mas hoje está bem mais solto. Zachary é um empreendedor e está desenvolvendo uma marca de roupas íntimas masculina e feminina.
Ele afirma que aqui no Brasil nada funciona, é difícil trabalhar e ganhar a vida, é um sofrimento, mas prefere ficar aqui porque é mais gostoso. “Os prazos não são respeitados. Falta planejamento, espaços públicos que combinem com o ser humano, as cidades não são planejadas. O país tem tudo para ser líder. O pensamento deve ser para hoje, agora, e não para amanhã”, lembra.
Zachary investiu em seu negócio para ter condições de viver aqui, e fez tudo certo, mas “quem faz tudo certo, aqui, paga mais caro. O país foi feito para quem faz tudo errado. Mas adoro viver aqui”, finaliza.
Berna Roig, Califórnia, EUA, 34 anos
Berna é médica, e diz que decidiu vir para o Brasil depois de vivenciar a péssima política da era Bush na presidência dos EUA.
Está em Florianópolis há 9 meses e é aqui que encontra qualidade de vida, lindas praias e montanhas exuberantes. Para Berna, o Brasil é um país que tem tudo para prosperar. “O Brasil é o país do futuro”, diz a médica, radiante. Berna é moradora do Canto da Lagoa.
Berna diz sentir muita dificuldade em entender os jogos de palavras, os truques de pronúncia do português, mas aprendeu muito estudando em seu computador e com a professora Celisa. “Os jovens têm muitas gírias, é difícil entendê-los, mas minha professora fala sem sotaque, um português neutro”, diz Berna.
“Os jovens têm muitas gírias, é difícil entendê-los, mas minha professora fala sem sotaque, um português neutro.”
Berna Roig